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Silêncio incômodo: como lidar?

Por
Adriana Setti
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São segundos que parecem eternos, enquanto buscamos algo a ser dito. Mas será que não existe um lado positivo nesse silêncio nas conversas?

“Errr… você vem sempre aqui?” Atire a primeira pedra quem nunca lançou mão de um clichê desses, seja numa festa, seja no elevador — um verdadeiro templo do silêncio incômodo. Incontáveis livros, tutoriais e técnicas de sociabilidade ensinam a ter repertório nessas situações. Mas, uma vez que essas lacunas na comunicação são tão frequentes, não faria mais sentido aprender a lidar com elas?

Constrangimento secular

“O silêncio de muitos traz pavor à alma mais poderosa”, escreveu o poeta belga Maurice Maeterlinck. E isso em 1896! Ou seja, não é de hoje que essas pausas trazem estranhamento e incômodo ao ser humano. Mas, de lá pra cá, alguns fatores contribuíram pra multiplicar os contextos que levam ao temido vazio na fala.

Silenciar microfone

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Silêncios são especialmente incômodos no Zoom. Segundo um estudo feito por Julie Boland, professora de psicologia e linguística na Universidade de Michigan, as reuniões por vídeo alteram nosso ritmo de conversação, não deixando claro de quem é a vez de falar e levando a pausas mais frequentes e prolongadas.

A comunicação nas redes sociais e afins também bagunçou os nossos critérios, fazendo com que forjemos intimidade com certas pessoas no campo virtual. Uma vez ao vivo, a falta de conexão real fica evidente e o papo não flui. Com os apps de relacionamento, essa situação é um clássico, o que leva muita gente a falar sem parar pra preencher o “espaço” ou praticamente entrevistar o date pra puxar conversa.  

Segundo eterno

Silêncio incômodo: como lidar?
Crédito: iStock Photo

Os humanos têm um talento natural pra sincronizar seus tempos de resposta. Perder o ritmo ocasionalmente é natural, mas se torna desagradável quando a pausa se prolonga. Um estudo da Tilburg University, nos Países Baixos, tentou medir qual é nossa tolerância: a maioria dos participantes se sentiu incômoda em menos de um segundo.

O constrangimento gerado por um silêncio vem, em grande parte, de como o interpretamos. Em algumas situações, por exemplo, eles podem sinalizar descontentamento ou falta de interesse da outra parte. Estudos descobriram que conversas que fluem sem essas pausas aumentam o pertencimento das pessoas, criando uma sensação de harmonia coletiva. Conversas truncadas, por outro lado, tendem a gerar um sentimento de rejeição.

O silêncio diz muito

Mas tudo depende do contexto. Calar-se diante de um pôr do sol ao lado de um grande amigo costuma fazer mais sentido do que no meio de um primeiro date, por exemplo. Quando a gente se sente bem em silêncio com alguém, é um sinal claro que existe intimidade e/ou conexão.

Também precisamos ter em conta que algumas trocas exigem tempo pra pensar e processar. Nesse sentido, as pausas podem ser positivas pra que as pessoas possam avaliar os argumentos com mais consideração, em vez de apenas concordar ou discordar impulsivamente. Às vezes, o silêncio nos abre espaço pra sermos mais intencionais sobre o que dizer a seguir. Basta saber aproveitar.

Crédito imagem de abre: iStock Photo

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