Instigadas por séries e games, as novas gerações estão mais interessadas em composições de música clássica do que os seus pais e avós.
Pesquisas indicam que o interesse dos jovens pela música clássica está crescendo. Na Deezer, um terço dos ouvintes desse tipo de som tem entre 18 e 25 anos. Na Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a média etária entre os compradores avulsos é de 40 anos, enquanto, no Teatro Municipal de São Paulo, 29% da audiência tem entre 18 e 34 anos.
Por trás do hype
– Jovens artistas atuando como influenciadores, a exemplo da violinista francesa Esther Abrami e do soprano brasileiro Bruno de Sá.
– Trilhas sonoras de animes e séries, a exemplo de Round 6.
– Trilhas sonoras de blockbusters, como Oppenheimer e Tár.
– Inclusão em playlists de foco e relaxamento no Spotify.
O som dos games
Jogos épicos e imersivos também estão fazendo com que a música erudita chegue a novos ouvintes. Um bom exemplo é a trilha sonora interativa de Starfield, composta pelo israelense Inon Zur. Quer se aprofundar? Em seu perfil @pianoquetoca, o pianista Antonio C O Junior une as pontas entre os universos geek, pop e clássico.
“Orquestras sinfônicas em todo o mundo estão se esforçando pra diversificar seu público e acabar com a antiga visão de que sua música é reservada apenas às pessoas ricas, brancas e altamente cultas. Acredito que os jogos de videogame são uma excelente plataforma pra inclusão que as orquestras tanto buscam.”
J. Aaron Hardwick, diretor de orquestra e professor assistente de música na Wake Forest University, dos EUA, à The Conversation
Osesp na trend
A Osesp realiza programas especiais em que interpreta trilhas de filmes e games. E, em abril, a Sinfonia de Anime traz concertos dedicados a animes como Dragon Ball, Naruto, Cavaleiros do Zodíaco e Sailor Moon. Com o Passe Livre Universitário, rola ver concertos de graça na Sala São Paulo, que não tem dress code: vale tênis e moletom.
Enquanto isso, em Salvador…
A Orquestra Sinfônica da Bahia mantém ensaios abertos e se apresenta, gratuitamente, fora do Teatro Castro Alves.
A hypada marca sueca Acne Studios lançou recentemente uma coleção por meio de sua label jovem, Face, com camisetas, suéteres e tote bags estampadas com nomes e rostos de grandes figuras da música clássica erudita, como Handel, Mozart e Bach.
Novos rumos
Diante de novas formas de serem vistos e ouvidos, jovens artistas no Brasil e no mundo também estão modernizando o gênero musical que, por muito tempo, foi considerado o mais elitista e engessado. O barítono nigeriano Babatunde Akinboboye, por exemplo, mistura ópera com hip-hop.