Estudos recentes sugerem que a comida industrializada e repleta de aditivos pode ser altamente viciante.
Por que tanta gente ainda consume alimentos ultraprocessados, que comprovadamente estão associados a doenças cardíacas, diabetes, obesidade e outros problemas de saúde? Além de baratos, convenientes, tentadores e promovidos à exaustão pela indústria, eles podem ser aditivos.
Fora de controle
Em um estudo com mais de 500 pessoas, pesquisadores da Universidade de Yale descobriram que certos alimentos são especialmente propensos a provocar comportamentos “viciantes”. Entre eles, desejos intensos, perda de controle e incapacidade de reduzir ou parar, mesmo tendo consciência sobre as consequências nocivas do consumo.
Na escala de adição alimentar desenvolvida em Yale, os campeões são os alimentos ultraprocessados que contêm grandes quantidades de gordura e carboidratos refinados. Uma combinação potente que não existe na natureza e está presente em alimentos como pizza, chocolate, batatas fritas, biscoitos, sorvetes…
Larica de laboratório
Pobres em componentes que retardam a absorção pelo organismo — como fibras e proteínas —, os alimentos ultraprocessados são rapidamente absorvidos pela corrente sanguínea. Como resultado, eles aumentam sua capacidade de estimular as regiões do cérebro que regulam o sistema de recompensa.
Sal, espessantes, aromatizantes artificiais e outros aditivos colaboram pra tornar esses alimentos mais atrativos, já que melhoram a textura e o sabor. Da mesma forma que acontece com os cigarros industrializados, que contêm uma série de substâncias que intencionalmente aumentam seu potencial viciante.
Difícil largar
Ao reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, algumas pessoas experimentam sintomas comparáveis à abstinência de drogas, como irritabilidade, fadiga, sentimentos de tristeza e desejos. Pesquisas também comprovaram que é possível desenvolver uma tolerância às comidas ultraprocessadas ao longo do tempo. Dessa forma, é preciso quantidades cada vez maiores pra obter a mesma sensação de prazer.
“As pessoas não experimentam uma resposta comportamental viciante a alimentos naturais que são bons pra nossa saúde, como morangos”, disse o Dr. Gearhardt, diretor do laboratório de Ciência e Tratamento de Alimentos e Vícios da Universidade de Michigan, ao New York Times.
Créditos da imagem de abre: Bob Adelman