Vibes

O poder aditivo dos ultraprocessados

Por
Adriana Setti
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Estudos recentes sugerem que a comida industrializada e repleta de aditivos pode ser altamente viciante.

Por que tanta gente ainda consume alimentos ultraprocessados, que comprovadamente estão associados a doenças cardíacas, diabetes, obesidade e outros problemas de saúde? Além de baratos, convenientes, tentadores e promovidos à exaustão pela indústria, eles podem ser aditivos.

Fora de controle

Em um estudo com mais de 500 pessoas, pesquisadores da Universidade de Yale descobriram que certos alimentos são especialmente propensos a provocar comportamentos “viciantes”. Entre eles, desejos intensos, perda de controle e incapacidade de reduzir ou parar, mesmo tendo consciência sobre as consequências nocivas do consumo.

Na escala de adição alimentar desenvolvida em Yale, os campeões são os alimentos ultraprocessados ​​ que contêm grandes quantidades de gordura e carboidratos refinados. Uma combinação potente que não existe na natureza e está presente em alimentos como pizza, chocolate, batatas fritas, biscoitos, sorvetes…

Larica de laboratório

Pobres em componentes que retardam a absorção pelo organismo — como fibras e proteínas —, os alimentos ultraprocessados são rapidamente absorvidos pela corrente sanguínea. Como resultado, eles aumentam sua capacidade de estimular as regiões do cérebro que regulam o sistema de recompensa.

Sal, espessantes, aromatizantes artificiais e outros aditivos colaboram pra tornar esses alimentos mais atrativos, já que melhoram a textura e o sabor. Da mesma forma que acontece com os cigarros industrializados, que contêm uma série de substâncias que intencionalmente aumentam seu potencial viciante.

Difícil largar

Ao reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, algumas pessoas experimentam sintomas comparáveis ​​à abstinência de drogas, como irritabilidade, fadiga, sentimentos de tristeza e desejos. Pesquisas também comprovaram que é possível desenvolver uma tolerância às comidas ultraprocessadas ao longo do tempo. Dessa forma, é preciso quantidades cada vez maiores pra obter a mesma sensação de prazer.

“As pessoas não experimentam uma resposta comportamental viciante a alimentos naturais que são bons pra nossa saúde, como morangos”, disse o Dr. Gearhardt, diretor do laboratório de Ciência e Tratamento de Alimentos e Vícios da Universidade de Michigan, ao New York Times.

Créditos da imagem de abre: Bob Adelman

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