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Afinal, o que é switchel, essa bebida que todo mundo está tomando

Por
Laura Cesar
Em
24 abril, 2019

Relativamente nova no mercado, a Kiro inaugurou a categoria de switchel no Brasil. À base de gengibre, mel e vinagre de maçã, a bebida promove os não alcoólicos dentro do universo boêmio.

Os ingredientes parecem simples, mas a combinação é nada óbvia. Para atingir a refrescância e a proporção certa de cada componente do switchel, bebida à base de água, gengibre, mel e vinagre de maçã, é preciso habilidade e uma dose de paciência. Além do nome gringo (se pronuncia su-í-tchel), a complexidade da bebida se estende também no sabor exótico, onde o doce, ácido e o picante entram em sintonia pra produzir esse drinque não-alcoólico de muita personalidade.

Não é um chá fermentado, como o kombucha, tão pouco um suco mais sofisticado. Talvez seja por isso que a bebida esteja despertando tanta curiosidade por aí. Apesar da categoria ser relativamente nova no mercado, o switchel é popular entre os trabalhadores rurais desde meados do século XVII, principalmente por ser um isotônico natural altamente revigorante e hidratante. Mas por ter origem incerta, há quem diga que a bebida é utilizada até antes disso, em práticas religiosas na África e Caribe ou até mesmo pelos Amish, grupo rural religioso europeu que mais tarde migrou pros EUA e Rússia. Aqui no Brasil, a história é mais recente e começou com a Kiro, marca nacional que surgiu como uma alternativa às bebidas alcoólicas e refrigerantes.

A fórmula ancestral conquistou o paladar de Leeward Wang e Gustavo Reis em 2014, quando leram sobre a bebida numa revista estrangeira e logo foram testar possíveis receitas despretensiosamente. Mal sabiam que os inúmeros testes caseiros os levariam à criação de uma marca própria: a Kiro. “Começamos a vender switchel no restaurante do Gustavo, na Vila Clementino (zona sul de São Paulo), e fez sucesso. Foi aí que entramos no Projeto de Garagem, que dava auxílio à empresas como a Kiro a saírem do papel, e começamos o processo de formalização e estruturação da empresa. Em 2017, a gente lançou a bebida no mercado”, conta Lee.

Kiro

Foi nesse período de construção de marca que os publicitários Lena Mattar e Roberto Meirelles sentiram sinergia com o projeto e resolveram se juntar à empreitada como sócios. “As bebidas não alcoólicas caminham muito mais como um lance infantil ou ligado à saúde e bem-estar. A Kiro veio de encontro com a nossa vontade de falar sobre bebidas sem álcool dentro do universo boêmio, um mercado ainda restrito. É possível tomar switchel no bar ou numa festa”, diz Roberto.

O switchel brasileiro também já dominou a cena gastronômica da São Paulo, sendo encontrado desde o primeiro ano de atuação em restaurantes renomados, como o Maní, da chef Helena Rizzo, e o Arturito, da Paola Carosella. O entendimento e apoio desses chefs foi super importante pro crescimento da Kiro, tanto em quantidade de produção, como na construção da imagem do produto. Se antes eles produziam cerca de mil garrafas por mês, hoje são mais de 15 mil garrafas distribuídas em 90 pontos da capital, incluindo restaurantes, bares, cafeterias e padarias.

Ingredientes que vem da terra

Desenvolver um negócio comprometido com a cadeia produtiva é sempre mais desafiador, mas resgatar a relação entre cidade e campo, valorizando o agricultor, sempre foi um pilar importante pra Kiro. Todo o gengibre utilizado na produção é comprado da Cooperapas, uma cooperativa de Parelheiros, região sul de São Paulo, que faz um trabalho extremamente cuidadoso utilizando a agroecologia, “sistema que além de não utilizar agrotóxico, respeita o meio ambiente e a cultura agrícola daquela região”, explica Helena. Lá, eles utilizam o modelo de consórcio, uma plantação menos agressiva para o solo, onde é cultivado de duas ou mais culturas numa mesma área e ao mesmo tempo.

“Em um ano e meio as coisas andaram muito rápido. Ter pequenos produtores como fornecedores é uma aposta que a indústria desdenha, porque não é a escolha econômica mais inteligente de se fazer. Mas é nosso propósito e estamos no caminho pra incluir esse mesmo processo nos outros produtos”, conta Roberto.

A prioridade agora é terminar de montar a nova fábrica e fazer a operação rodar de maneira unificada. Eles também querem lançar novos sabores, aumentar pontos de vendas e criar outras edições especiais com álcool, como fizeram no carnaval deste ano utilizando Gin. “Foi uma loucura, mas fez sucesso”, diz Helena. São muitas as metas, mas o quarteto não tem pressa. Afinal, eles produzem switchel, bebida pra ser apreciada a cada gole e com muito gelo no copo.

Os sócios Roberto Meirelles, Helena Mattar e Leeward Wang
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