Verdades sobre a vida no mar

O veleiro é uma ferramenta poderosa pra explorar o mundo e ampliar os horizontes. Mas, por mais romantizável que seja — especialmente nas redes sociais — esse lifestyle também pressupõe grandes desafios. Aqui, a gente conta o que o Instagram não mostra sobre a vida no mar e o que podemos aprender com ela:

Disciplina é liberdade

À primeira vista, planejar e organizar podem parecer conceitos distanciados da liberdade. Mas, no mar, é preciso ter disciplina pra antecipar as necessidades de uma travessia, garantindo a segurança e a própria sobrevivência: previsão do tempo, rota, comida, água etc.

Cabe o essencial

O espaço no veleiro é limitado e muitas coisas que podemos almejar em terra firme simplesmente não servem no mar. Além de ser um convite à organização e ao minimalismo, essa condição também nos ajuda a entrar em conexão com o que realmente importa, num sentido mais amplo.

Privacidade mínima

O espaço reduzido também limita a privacidade. Quando há mais de uma pessoa a bordo, quase tudo é compartilhado e os elementos que tornam uma relação suave se fazem ainda mais importantes do que em terra firme: jogo de cintura, paciência, empatia, parceria…

Adaptar é preciso

Dentro de um veleiro aprendemos a sair constantemente da zona de conforto. O barco balança, inclina, nos deixa expostos aos ventos, ondas e correntes. Não temos o controle sobre o que vai acontecer — mas podemos ajustar as velas pra seguir adiante. Isso amplia nossa capacidade de adaptação.

“Quando estou no mar me sinto tão pequena em meio àquela imensidão, que sou tomada por uma forte humildade, gratidão profunda e senso de pertencimento. É como retornar pra casa, pra natureza que somos.”

Raíssa Teles, dos Piratas do Amor, que acabam de voltar de uma expedição para o Ártico.

Viver no barco ou fazer travessias a vela é um trabalho constante: buscar água, garantir alimento, ancorar, remar no bote, limpar, encher o tanque, lidar com os cabos, administrar o lixo, lavar roupa… Se o que você quer é ficar tomando um drink enquanto sente o vento nos cabelos, repense.

“A vida no mar é pra quem entende que, mesmo sabendo muito, nada se sabe. A gente vive gerindo riscos conhecidos e desconhecidos, num aprendizado constante. Pra morar num veleiro, precisei aprender elétrica, hidráulica, marcenaria e até a lidar com motor a diesel: no mar aberto não tem mecânico. É importante ter embasamento e criatividade pra lidar com o inesperado.”  

Theodora Prado, que vive e ensina sobre a vida no mar a bordo do Corumi.

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Crédito imagem de abre: Reprodução / opt