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54 horas em Fortaleza: um findi sem barracas de praia muvucadas e outros tipos de aglomeração

Por
Adriana Setti

Fazendo kitesurfe na praia do Cumbuco, curtindo o mar na do Futuro ou tomando uma cerveja ao ar livre — e com o pé na areia — no boteco Abaeté, nossas dicas para você curtir a capital do Ceará bem de boinha.

Ensolarada e quente o ano todo, Fortaleza é sempre um porto seguro pra quem nunca cansa do verão. Sua orla pode até ter um quê de Dubai e declarada aspiração a Miami, mas a alma da metrópole – ufa! – continua sendo nordestina. Quinta maior cidade do Brasil, com 2,6 milhões de habitantes, a capital do Ceará tem vida cultural intensa e uma gastronomia para além das porções industriais de camarão. E, seja no embalo do forró ou da música eletrônica (que nesses meses de pandemia pelo covid-19, com razão, deu uma pausa), sua veia boêmia pulsa tão forte quanto o vento que sopra de julho a dezembro, e os kites dominam o mar e o céu. A seguir, nossas dicas para 54 horas em Fortaleza sem aglomeração, barracas de praia megalomaníacas ou “quinta do caranguejo”.

DIA 1

Pôr do sol em Iracema: um dos cartões-postais de Fortaleza | Foto: Gabriel Rissi/Unsplash

17h
Iracema: onde o sol se põe em Fortaleza

É sempre bom dar uma conferida na condição das praias da cidade no site da SEMACE antes de meter o corpo no mar. Mas uma coisa é segura: Iracema é um dos picos mais instagramáveis do Brasil pra ver o pôr do sol, compondo um cenário a la Califórnia com os píers que avançam sobre o Atlântico morno. A região também tem botecos, feirinhas e um eterno vaivém de gente.

20h
Comidinha de mãe no Mar de Rosas

Com fachada rosinha e jeito de casa da amiga — no caso, a publicitária Manuela do Vale —, o Mar de Rosas é um dos achados gastronômicos da cidade. Eleito pelo júri de Veja Comer & Beber o restaurante revelação em 2019-2020, serve comidinha cearense de mãe com um twist. Exemplos? Copa lombo com teriyaki de cajuína ou feijoada de frutos do mar com torresmo de tilápia. Organiza “almoços dançantes” animadíssimos, além de noites de música ao vivo, embaladas por ótimos drinks (também vale ir só pra biritar e petiscar).

22h
Botecagem na calçada em Fortaleza

Com mesas de plástico que dominam a calçada em frente, o Cazuza Bar o pé sujo mais charmoso da cidade. Ele tem vista pro lindo Mercado dos Pinhões, cuja estrutura metálica em estilo art nouveau foi importada da França nos anos 1930. Pedida ideal pra uma cerveja ao ar livre antes de dormir.

DIA 2

Vista aérea da Praia do Futuro, em Fortaleza | Foto: Phael Nogueira/iStock

9h
Rolezinho low profile na Futuro

Para jogar (ou somente ver) um futevôlei, tomar uma cerveja e ouvir música (alta, infelizmente), jogue-se na Praia do Futuro (foto). Na costa leste da cidade, voltada pro mar aberto, tem ondas fortes e — quase sempre — boas condições de banho. Mesmo com beach clubs “quero ser Ibiza” e barracas de praia do tamanho do Maracanã, a longa faixa de areia garante espaço pra todo mundo. Nosso rolê predileto é a Cabumba, considerada low profile pros padrões locais. Cada guarda-sol tem um armarinho com chave (gênios!) e um tonel de cerveja com gelo será depositado ao lado da sua mesa pra evitar a fadiga do garçom. Caso queira natureza e água limpa, toque reto até topar com a praia da reserva de Sabiaguaba (mas não se iluda: também enche nos findis).

12h
Museu de Fotografia

Inaugurado em 2017, o Museu da Fotografia é uma das boas surpresas culturais de Fortaleza. Instalado num caixote modernão no bairro de Varjota, tem um dos maiores acervos fotográficos do país (em boa parte da coleção privada do empresário Silvio Frota), com mais de 2 mil obras de feras como Robert Capa, Marcel Gautherot e Steve MCcurry. Recebe boas exposições temporárias — fique atento.

O gastrobar Moleskine: cardápio massa e drinks bem feitos | Foto: reprodução

14h
Fina estampa

Pertinho do museu, o Moleskine se autointitula o primeiro gastrobar de Fortaleza. Decorado no estilo industrial-sofisticado, leva a sério a carta de drinks e serve petiscos gulosos, como as coxinhas crocantes de pato com tucupi ou o pastel de Belém recheado de bacalhoada. No andar superior, o Sótão é uma versão informal e mais tranquila, com mesas ao ar livre e programação musical suave.

16h
Tudo em um no Dragão do Mar

A poucos metros da Praia de Iracema, o Dragão do Mar é a joia da coroa do turismo de Fortaleza, ocupando vários edifícios interconectados por plataformas elevadas. O complexo tem o melhor cinema da cidade, espaços para shows (ainda sem previsão de retomada), teatro, biblioteca, planetário e dois bons museus, o Museu de Arte Contemporânea e o Memorial da Cultura Cearense. Epicentro da vida cultural da cidade, fez brotar em sua órbita restaurantes, lojinhas e outros serviços, que ocupam casarões antigos restaurados.

20h
Mercado dos Peixes: os frutos do mar mais frescos de Fortaleza

Não dá pra ir a Fortaleza e não sucumbir a um banquete de frutos do mar no Mercado dos Peixes. Uma instituição na cidade, é frequentado assiduamente tanto pelos locais como pelos turistas. A estrutura é moderna mas o sistema é antigo: circular pelas bancas do mercado, comprar o que interessa (camarão, lagosta, peixe fresco, ostras), levar até uma das cozinhas, pagar uma pequena taxa e correr pro abraço, enquanto a cerveja e os acompanhamentos (baião de dois, farofa, arroz etc) podem ser encarregados ao garçom. Entre um bocado e outro, pausa pro repentista, o tio da sanfona, o grupo de street dance, o menino da bala…

22h
Arrodeado de areia branca

O Abaeté, como o nome sugere, é um boteco de alma baiana. Você sai da praia mas ela não sai de você: o chão é de areia e o espaço ao ar livre tem música (normalmente) boa e um seguro distanciamento social. A noite mais animada, vale saber, é a terça-feira, quando Alan Morais (celebridade local) opera com os seus vinis. Vem daí o apelido do bar: Abaeterça.

DIA 3

Kitesurfe na Praia do Cumbuco, a 30km de Fortaleza | Foto: Doma02

9h
De carona no vento na Praia do Cumbuco

A 30km de Fortaleza, a Praia do Cumbuco é um dos kite points mais disputados do Ceará de julho a dezembro. Quando o vento amaina, continua sendo uma boa pedida pra pegar praia, em beach clubs como o do hotel Duro Beach. Também é ponto de partida de uma vasta lista de passeios de buggy ou quadriciclo, que percorrem dunas e praias nos arredores.

13h
Vá de Van: culinária regional em Fortaleza

Numa casinha singela no bairro do Benfica, o Culinária da Van, de Vanda (que começou a carreira de chef vendendo marmitas na calçada), tem uma amostra certeira da culinária regional. Comece com o caldinho de caranguejo servido na tacinha, siga com palitos de tapioca com arraia e arremate com um dos pratos do dia (o menu varia diariamente) e cocada de forno.

Área do Parque Estadual do Cocó, em Fortaleza | Foto: divulgação/SEMACE

15h
Oásis verde no Parque do Cocó

Faça a digestão caminhando pelo Parque do Cocó, área de preservação que funciona como um oásis verde, numa cidade que, em grande parte, é tão arborizada quanto o deserto da Namíbia. Tem pistas de caminhada, parques infantis e, em outros tempos, eventos culturais rolando.

20h
Água, malte e lúpulo: cervejas artesanais em Fortaleza

A Donkey Head é a cervejaria artesanal mais bem equipada (e bem sucedida) da cidade. Funciona num galpão industrial que poderia estar no Brooklyn nova-iorquino, servindo 13 tipos de espumosas. O menu inclui uma stout, várias IPAs, entre outras variedades. O cardápio de comidas também é generoso, com tábua de frios, vários tipos de hambúrgueres, cortes de carne e linguiças artesanais.

Foto de abertura: Doma02
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