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Especial: a real da maconha na Califórnia (4 de 4)

Por
Eloa Orazem
Em
17 outubro, 2016

Dinheiro não dá em árvores, mas pode brotar com a maconha. Segundo estudo desenvolvido pelo NerdWallet, se todos os 50 estados americanos liberassem a droga, os Estados Unidos poderiam arrecadar mais de 3 bilhões de dólares em impostos – sendo que a Califórnia lideraria o ranking, com 519 milhões de dólares anuais, caso a erva tenha seu uso recreativo aprovado.

São cifras dantescas como essas que têm feito grandes investidores repensar os setores em que aportam dinheiro. Empresas de investimentos consagradas, como a Founders Fund, que tem como membro o criador do PayPal, dedicou dois bilhões de dólares à Privateer Holdings, uma empresa com diversas marcas e produtos relacionados à maconha.

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O rapper Snoop Dogg é um ávido garoto-propaganda da droga, mas parece que seu interesse vai além do consumidor comum. Segundo a imprensa americana, o músico foi um dos que investiu no aplicativo Eaze, que se autodenomina um “Uber da maconha”, conectando pacientes a fornecedores, facilitando o delivery. De acordo com a empresa, em grandes capitais a droga pode ser entregue em até 30 minutos. Apesar dos rumores, a empresa não confirma a participação do rapper, mas garante que há centenas de celebridades entre seus sócios e que a participação desses figurões faz sentido, já que o negócio está em plena expansão.

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Quem confirma o positivismo da Eaze é Dan Skye, o editor-chefe da revista High Times, especializada na cobertura do avanço da cannabis. A publicação existe desde a década de 70, mas Dan assumiu a equipe em 1994. “Talvez a melhor maneira de mensurar o nosso crescimento e o crescimento do setor seja pelo volume de anúncios da revista. Precisamos ir de 120 para 150 páginas só por conta da publicidade, contrariando o movimento da mídia off-line que vemos por aí”, explica. O aumento da receita não minimiza o preconceito, porque o editor ainda insiste que discriminados por conta da área que cobrem: “temos dificuldades em atrair publicidade de empresas tradicionais, como montadoras de carros, cartões de crédito, produtos de limpeza e outros. Celebridades também não nos dão entrevistas”.

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As negativas cada vez mais escassas mostram a Dan que a legalização da maconha nos Estados Unidos é um caminho sem volta e que tudo é uma questão de tempo. A opinião arriscada do jornalista é ecoada por Danny Danko, especialista no cultivo da erva e líder do podcast Free Weed. Colunista na mesma High Times, o americano ressalta o número de e-mails que recebe como principal prova da mudança do pensamento americano. “Quando comecei a colaborar com a revista, quase dez anos atrás, poucos escreviam suas dúvidas e quando faziam, usavam apelidos. Hoje não consigo dar conta do volume de mensagens que chegam do mundo todo, de homens e mulheres de todas as idades compartilhando dúvidas e descobertas sobre o plantio da maconha, cuja genética define o resultado final”, afirma.

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Foto: PSFK

Dan e Danny estão com passagem marcada para a Jamaica, onde acontece o maior evento da Cannabis Cup, organizada pela publicação. “Fizemos diversos eventos desses em Amsterdã, mas temos visto que eles têm regredido quanto à liberdade de consumo da região, então esse ano celebraremos a ocasião na Jamaica, cujo trabalho para divulgar os benefícios da droga é bastante notável”, confessam os escritores.

Como se vê, por amor ou por dinheiro, a maconha parece destinada a tingir de verde os Estados Unidos – e se não for com novas plantas, que sejam com os bilhões de dólares arrecadados em impostos.

Mas enquanto isso não acontece, as transações continuam às portas fechadas, mas todo mundo pode entrar sem bater. Só não faça perguntas e pague sempre em cash.

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