People

O trabalho humanizado e consciente do The Fry Society e Baze Bar

Por
Lilian Kaori Hamatsu
Em
22 abril, 2019

De food trucks estacionados em festas famosas, passando por bar na capital paulistana, conheça os empreendimentos dessa galera

Alguns encontros são necessários e inevitáveis, quer você acredite em destino, ou não. É por isso que, ao compreender as profundas relações humanas como determinantes na busca por qualidade de vida, um grupo de jovens conscientes de suas posições de privilégio foi capaz de transformar anseios em negócios responsáveis por promover mudanças socioambientais positivas. Através do trabalho pautado pelo propósito surgem, como materializações de um ideal comum, The Fry Society e Baze Bar. A seguir, um pouco dessa história.

A sociedade

Da interação durante as aulas e intervalos do colégio aos rolês pelo Itaim Bibi, bairro nobre da capital paulista onde a jornada dos irmãos Caio e Luana Loureiro vai de encontro aos caminhos de Hugo Bethlem, Nicholas Hara, Mateus Caldas, Roberto Panella, Ricardo Nacci, Luis Ribeiro, Yugo Mabe e Fernando Pacheco, nasce uma parceria pautada pelo respeito mútuo.

Os sócios Caio Loureiro, Nicholas Hara e Yugo Mabe

O início parte de uma desilusão, já que após gerenciar uma mal sucedida hamburgueria com apoio financeiro da família, tudo o que restou a Caio foi o food truck projetado para a expansão do negócio, que nunca aconteceu. Da iniciativa falida, o publicitário decidiu acreditar mais uma vez na oportunidade e fundar, ao lado de Mateus, graduado em Gastronomia, e Roberto, o designer do grupo, a The Fry Society. Em 2015, o trio passou a estacionar em festas famosas da capital, conquistando notoriedade pelos lanches artesanais e porções servidas.

Pouco tempo depois, com três food trucks em circulação e fundos suficientes para a aquisição de um prédio, onde hoje estão localizados o escritório e a cozinha do empreendimento, passaram a fornecer insumos para estádios de futebol e cadeias de restaurantes. No entanto, para a realização do próximo sonho – um ambiente para o público consumir o que eles produziam -, eram necessárias mais mãos, cabeças e corações.

Assim, um time de amigos do colégio, que também eram profissionais das mais diversas áreas, como Direito, Administração, Tecnologia, Publicidade e Gastronomia, foi recrutado para dar vida ao Baze Bar. Lá, além das muitas ideias já fomentadas, ficaram evidentes as influências de Hugo Bethlem Sênior, pai de um dos sócios, mentor do grupo e diretor do Instituto do Capitalismo Consciente; e Fernando Bertch, conhecido desde a infância, que compartilhou com os rapazes toda a sabedoria adquirida durante os meses em que deixou a selva de pedra de kombi para desvendar as nuances socioambientais do país.

“Essa foi a oportunidade que encontramos para pagar uma dívida social, já que prestar auxílio a comunidade é uma obrigação dos privilegiados.”

O conceito

O empenho nas relações humanas permeia não somente o meio dos sócios, mas também o contato com funcionários e clientes, instruídos a respeitar uns aos outros dentro do local de convivência. Da premissa de que conflitos e falas agressivas não surtem efeito, a intenção por trás de cada medida adotada pela turma é mostrar que existem pessoas afetadas e consequências para cada ato.

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“Certas vezes, alguém chega e joga a garrafa de vidro com força no lixo. Aí falamos educadamente: vem cá, conhece esse cara aqui? É o Seu Wilson, a pessoa que vai coletar isso que você está jogando. Por que você não deposita ali tranquilamente para não machucá-lo?”

Com cerca de 90% de todo o lixo gerado no estabelecimento sendo destinado a reciclagem, apenas resíduos orgânicos são deixados de fora. Quatro famílias vivem diretamente da renda gerada pelo trabalho de limpeza do ambiente e através do acúmulo do excedente de alumínio.

“Querer dar certo é também querer que a vida dessas pessoas que trabalham conosco dê certo.”

Além de não tolerar racismo, sexismo e homofobia, a Baze se apropria do discurso educativo para disseminar a conscientização acerca de temas como sustentabilidade e valorização de produtores locais. Os copos, por exemplo, são reutilizáveis e devem ser devolvidos no bar após o uso. Gim brasileiro, vodka orgânica e opções veganas estão disponíveis no menu. A água, por ser considerada uma necessidade humana básica, é disponibilizada gratuitamente em filtros espalhados pelo espaço.

“Nosso desejo é que as pessoas entendam que a Baze é um lugar para quem quer viver de uma maneira mais simples, justa e saudável para com os outros e com o próximo.”

Daqui para frente

Aos 28 anos, o sócio-fundador Caio Loureiro contou ao TSH que já planeja mais uma expansão ambiciosa. A inauguração de um novo bar sob comando do grupo, dedicado ao jazz e com horário de funcionamento das 15h às 01h, está prevista para os próximos meses. Após a estreia da casa, o foco será em “democratizar o Itaim”, criando outros estabelecimentos que dialoguem com perfis de diversos frequentadores nos arredores da Baze.

“Queremos construir o nosso universo utópico de como seria um mundo onde as pessoas respeitam umas as outras e vivem em harmonia com a natureza.”

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