A arquiteta paulistana Gabriella Ometto, 29, resolveu dar um tempo da vida que levava em São Paulo para ter uma nova experiência – pessoal e profissional – em uma comunidade em Piracanga, na Bahia.
“A intenção de passar esse tempo numa ecovila foi primeiramente profissional, com foco em autoconhecimento e algumas práticas de permacultura para aplicar no meu escritório, o Espaço Mude. Mas o que aconteceu é que o processo foi de dentro pra fora, do nível pessoal até se refletir no profissional”, conta.
Ela já tinha planos de trabalhar com projetos de hortas em condomínios, pois além de dar uso a áreas permeáveis sem utilidade dentro dos prédios de São Paulo, sempre acreditou que esse tipo de iniciativa tem um incentivo de convívio coletivo que a sociedade precisa. “Vivemos cheios de medos, inseguranças e descrenças. E nos unindo podemos reconhecer nosso poder de transformar nossa cidade em um lugar muito mais agradável de se viver”.
Quatro meses depois, Gabi voltou renovada. E cheia de ideias.
E aqui ela conta essa transformação em texto e fotos, clicada pela amiga Thays Bittar.
“Quatro meses se passaram. Durante (quase todos) esses 120 dias, vivi em uma comunidade, morei com 30 pessoas diferentes, acordei às 7 horas da manhã, aprendi a cozinhar, vi-ci-ei em chá, tahine preto e coco seco. Sujei as mãos de terra, ajudei a construir uma casa, um viveiro e uma agrofloresta. Dancei em roda todas as vezes que eu pude. Fiz aula de tecido, fiz aniversário! Recebi visitas maravilhosas. Fiz meu mapa Astral, aprendi a ler Aura, agora sei me curar com reiki e tem muita novidade do @espaco.mude chegando pra colocar em prática e apresentar para o mundo!
Vi o sol nascer nas noites de insônia, acampei na praia, vi o arco-íris de todas as formas possíveis. Me encantei e me decepcionei. Me apaixonei por corações de todos os lugares. Fui acolhida e acolhi. Fiz uma nova família! Senti mais frio do que calor. Viciei em Itacaré e ainda não sei como vou substituir minhas maratonas de 10 quilômetros de praia deserta. Reafirmei a melhor escolha de sócia-amiga-parceira que eu poderia fazer na vida e volto com o coração transbordando de gente nova nesse barco!
Foram milhares de mergulhos em água doce e salgada, rasa e profunda, externa e interna. Peguei as maiores ondas da minha vida e quase morri afogada em alguns mergulhos que dei. Mas voltei! E a cada volta para superfície respirei um ar novo. Me sinto boiando junto ao rio calmo. Aquele rio que mudou e muda todos os dias. A cada novo dia um novo suspiro, a cada novo suspiro uma nova possibilidade de ser mais. Obrigada vida!”