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54 horas em Chania: um guia pra aproveitar a saideira do verão grego

Por
Juliana Azevedo
Em
11 outubro, 2019
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Conhecer a ilha de Creta em toda a sua extensão exige muitos dias, então o melhor a fazer é optar por uma das direções: praias inesquecíveis, à esquerda; palácios milenares, à direita. A maior concentração de praias fica ao redor de Chania, a principal cidade da ilha. Eis, então, nosso guia de um fim de semana estendido pra você aproveitar a rebarba do verão na Grécia.

Pra que escolher praia ou montanha se em Creta você tem os dois. A maior das ilhas gregas. Uma das primeiras civilizações europeias. O ponto mais ao sul da continente. A água mais azul e transparente do mar da Líbia. Tudo aqui é hiperbólico. Conhecer a ilha em toda a sua extensão exige muitos dias, então o melhor a fazer é optar por uma das direções: praias inesquecíveis, à esquerda; palácios milenares, à direita. A maior concentração de praias fica ao redor de Chania, a principal cidade da ilha. E elas impressionam até nós, que crescemos acostumados com uma das costas mais lindas e extensas do mundo. São tantas opções que o ideal é alugar um carro e embarcar numa road trip em direção à luz que parece emanar do mar, cruzando montanhas rochosas e vales profundos. Eis nossas dicas para um fim de semana estendido pra aproveitar a rebarba do verão na Grécia.

Dia 1

A esquininha do Well of the Turk: em poucos minutos essas mesas estarão lotadas | Foto: Divulgação

19h
O poço do turco

Que tal jantar num restaurante tradicional de comida grega mas com um toque turco? Creta tem dois passados de invasões: pelos venezianos e pelos turcos, que por lá ficaram por mais tempo do que no resto da Grécia, deixando um legado que se misturou aos costumes locais. Ao lado do poço, em frente a uma igreja do século 12 e em meio a bouganvilles, as mesas do Well of the Turk ficam ao ar livre, tornando a experiência ainda mais pitoresca e fofa – além de servir receitas deliciosa.

23h
Drinks na sinagoga

De volta a Chania, numa ruazinha repleta de casas de pedra, uma antiga construção virou animado bar ao ar livre: o Sinagogi Open Air Bar. Pra chegar não tem segredo: siga as placas que indicam a direção da sinagoga e entre na casa ao lado. Para aproveitar ainda mais a riqueza dos ingredientes locais, experimente uma bebida que leva o licor de mastiha, seiva de uma árvore local, e que era usada como goma de mascar pelos antigos.

Dia 2

10h
Brunch vintage hipster

Comida grega e música brasileira? Temos. Brunch no Ginger Concept, que é um restaurante mais loja de design e que tem playlist com Caetano e Gil não tem muito como dar errado. Os gregos são mestres em cafés gelados e o Ginger capricha. O café continental tem toques locais, com a Graviera e as azeitonas, além do onipresente tomate.

12h
Cruzando as montanhas

O caminho da praia de hoje é um passeio em si: cruzar a famosa cadeia de montanhas Lefka Ori (montanhas brancas), chamada assim por causa de seu topo eternamente dessa cor – seja pela formação de limestone, seja pela neve que a cobre no inverno.

Sombra, água fresca e rango flutuante em Glyka Nera | Foto: Gatsi/iStock

14h
Ônibus aquático

Em Sfakia sai o barco que te leva a diversas praias mais acessíveis por mar – ou por trilhas bem íngremes que podem parecer uma boa ideia na hora de ir, mas lembre-se que você terá que voltar. Há algumas paradas, mas a sua deve ser a de Glyka Nera (água doce), uma estreita faixa de pedregulhos aos pés de uma encosta vertical de pedra branca, na qual você pode retomar o fôlego à sombra das árvores. O apelido de água doce vem da água potável que brota do chão: o lençol freático aqui é tão superficial que um buraco já é suficiente para alcançá-lo, ou seja, água potável à mão (e aos pés) pela praia toda.

17h
Almoço flutuante

A Taverna local, única construção da praia (também na foto acima), fica sob as águas azuis e você terá passado por ela na hora de descer do barco-busão. Pra dar uma aliviada do sol, escolha uma mesa na beirada e peça kolokithokeftedes (bolinho de abobrinha frita) e dakos (espécie de bruschetta grega) e espere pela sua próxima condução de volta ao porto para pegar seu carro.

21h
Jantar na escola

Uma velha escola, no topo da montanha, foi transformada em restaurante de cozinha tradicional. O salão do Kafenio STO Scolio é ao ar livre, sob oliveiras centenárias onde antigamente ficava o pátio da escola. Chegue cedo (ou faça reserva) se quiser conseguir um lugar de frente para o vale e aproveitar uma bela vista do Mar da Líbia. Os vegetais servidos crescem na horta ao lado; os azeites, claro, vêm das próprias oliveiras. Do menu disposto numa antiga lousa, experimente a salada de beterraba e a paidakia (churrasco de carne de cabra) e termine com a melancia e o rak (um licor de uva e sabor de anis) e que são servidos ao fim das refeições – e quase sempre por conta da casa.

Dia 3

10h
Prepare a pele para o sol

O hábito do hamame (o clássico banho turco) não é estranho aos cretenses que incorporaram tanto da cultura turca depois de anos de dominação. Use esta desculpa histórica e passe uma horinha tratando de si no Apivita Spa, com as diversas massagens e tratamentos oferecidos. Mais que um spa, a Apivita é uma linha natural de beleza que tem como base o mel da região. A Korres, outra marca grega e mais conhecida dos brasileiros, também usa ingredientes típicos em suas fórmulas, como o azeite e o iogurte. As duas linhas estão em peso na farmácia logo ao lado do spa, perto do antigo porto.

Um cantinho de Elafonisi: praia dos dois lados | Foto: Zazamaza/iStock

13h
Elafonisi: a ilha na ilha

A uma hora e meia de Chania, Elafonisi é a praia de areia rosa e branca e incontáveis tons de azul, pontuadas por rochas escuras. Sua geografia funciona quase como um ‘complexo’ de praias: vasta, mas aconchegante ao mesmo tempo. A grande faixa de areia com água dos dois lados vai sendo inundada até submergir por completo, deixando a ponta da praia como uma pequena ilha, onde só se chega (ou se sai) metendo os pés na água. Esta área separada, de natureza protegida, é composta por incontáveis mini-baias: pequenas o suficiente para que possam ser somente sua por uma tarde inteira.

15h
BYOT (Bring Your Own Tomatos)

Seu almoço pode ser uma farofinha cretense ali mesmo à beira-mar: alguns tomates, uma fatia de Graviera e outra de paximades – o queijo de cabra e o pão, ambos locais, respectivamente – são suficientes para saborear a famosa culinária de Creta, destaque dentro da já conhecida cozinha grega. Os tomates são tão saborosos que comê-los como maçãs é praticamente irresistível. Se você estiver mais equipado e juntar os tomates, a Graviera, com as paximades (similares a uma torrada integral bem alta e crocante) em um pote (ou mesmo num malabarismo incrível), o resultado é uma salada suculenta. Não esqueça de trazer sua água que o sol é forte!

O pão grego nosso de cada dia vai melhor com uma fatia queijo de cabra e tomates, tudo local | Foto: Juliana Azevedo

18h
Um pouco de consumismo

Use suas últimas horas na cidade pra comprar produtos que só têm aqui. A loja Balantinos, por exemplo, vende queijos locais fica na muvuca da rua de comércio, a Skalidi. Aproveite que está por lá pra entrar no supermercado (as duas maiores redes são a AB e a Sklavanites) e descobrir o leite de pistache, o chá da montanha gelado, refrigerantes de banana e canela e outros sabores que só mesmo em Creta. Outro hábito local são as cangas de algodão trançado, mais encorpadas do que as brasileiras, ideal para as areias mais grossas.

Foto de abertura: Daan Huttinga/Unsplash
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