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Eles se juntaram pra criar um projeto de vida sustentável em Trancoso, na Bahia

Por
Mariana Weber
Em
22 outubro, 2019
Em parceria com

Marcel e Fernanda tinham um sonho em comum: construir uma casa de bambu. Ele nasceu na Bahia e se mudou pra Austrália. Ela é paulistana e foi morar nos EUA. Depois de muitos aeroportos, se reencontraram no Brasil: “vamos construir nosso sonho juntos?” Casados e com uma filha, hoje moram em Trancoso, na Bahia, e tem a Villa Se7e, projeto que promove experiências sustentáveis. Ah, e dá para se hospedar lá!

Marcel Marques Leite, 35, nasceu e cresceu em Trancoso, na Bahia. Saiu pra estudar na Austrália, depois voltou. Fernanda Dias Andrade, 31, nasceu e cresceu em São Paulo. Em 2012, prestes a fazer um intercâmbio nos Estados Unidos, ela resolveu passar uma semana de férias na Bahia. Conheceu Marcel. Logo depois se reencontraram em São Paulo, na festa Santo Forte. E o santo  dos dois bateu. Mas o negócio ficou sério mesmo quando, no primeiro jantar, Marcel contou que tinha o sonho de infância de construir uma casa de bambu. E propôs: “Vamos construir juntos?” Fernanda aceitou. Começava a história da Villa Se7e, projeto que promove experiências sustentáveis em Trancoso.

Quer dizer, não foi assim tão rápido. Antes de transferir a vida pra Trancoso, Fernanda passou um ano em New Jersey, Marcel foi visitar, os dois viajaram juntos pela Califórnia. Mas Fernanda conta que foi naquele primeiro jantar em São Paulo que percebeu que algo “encaixou muito”. Porque os dois tinham uma ideia parecida sobre o futuro. “Eu também sempre quis fazer alguma coisa relacionada à sustentabilidade, algo que fizesse diferença pro mundo”, diz. “Encontrei minha alma gêmea.”

No fim da temporada americana, Fernanda chegou a Trancoso no verão e assumiu o posto de hostess no restaurante Capim Santo, da família de Marcel (hoje ela cuida do RP da empresa e ele é diretor executivo). “A adaptação foi bem leve”, conta. “A gente trabalhava à noite e tinha as manhãs e as tardes livres pra aproveitar.” Uma rotina bem diferente da que levava em São Paulo — formada em marketing, era funcionária de uma agência de segunda a sexta e hostess num restaurante japonês de quinta à domingo — e às quartas no camarote do Corinthians. 

Um ano depois da mudança, o casal começou a construção da casa de bambu. O material foi escolhido pela sustentabilidade — cresce rápido, absorve bastante gás carbônico, é leve e fácil de transportar —, mas também por motivos menos racionais. “Como sou surfista sempre vi muita referência da Indonésia, talvez venha daí”, conta Marcel. “Lá atrás eu encanei com a história e mantive esse sonho.”

Formado em design gráfico, ele desenhou o loft assim como projetava e construía seus brinquedos de infância (por exemplo, um carrinho de madeira em que descia as ladeiras de barro de Trancoso, com direito a radinho e lanterna/farol). Também pesquisou e colocou em prática outras soluções sustentáveis, como produção de alimentos orgânicos no quintal seguindo princípios da permacultura, climatização natural por ventilação cruzada, captação de água de chuva, aproveitamento de resíduos na própria obra e tratamento de esgoto por sistemas ecológicos.

Com a chegada de Lila, a filha do casal, hoje com um ano e cinco meses, o loft ficou pequeno. Veio então a segunda construção do terreno, toda de madeira de reflorestamento. E a execução do plano de receber gente interessada em experimentar o modo de vida sustentável da família na Villa Se7e — que fica na quadra 7, do lote 7 de um condomínio no número 7; e lá nasceu Lila, num dia 7. 

Além de alugar as casas de Marcel e Fernanda, os hóspedes podem comer alimentos orgânicos produzidos ali ou garimpados pelos dois (como um queijo de búfala feito na região ou cafés da Chapada Diamantina). Também têm à disposição experiências como aula de ioga, cozinha com um chef local, sessão de wellness com massagem e meditação, ofurô com ervas do quintal e aromaterapia com resina de almesca (árvore nativa que existe no terreno).

Para o verão, a novidade serão bikes de pet reciclado, encomendadas pra fazer passeios com surfe e piquenique numa praia deserta. Nada muito diferente da rotina que o casal e Lila têm nos dias de folga. “A gente aproveita muito o outdoor, a vida a céu aberto”, conta Marcel. “Faz um cafezão, prepara equipamento pra ir pra praia, na volta toma um banho de ofurô, com um bom vinho. Também gosta de fazer jantares e receber amigos, depois sair para passear pelo Quadrado…”

O Quadrado é também o playground onde Lila encontra outras crianças. “Ela está indo agora lá fazer um piquenique com os amiguinhos”, conta Fernanda, numa segunda-feira qualquer. “Tudo o que eu queria era proporcionar pra minha filha uma infância que eu não tive, que ela fosse criada solta. E a Lila ama o mar, ama ver o Marcel surfar. Com certeza vai virar surfista.”


A vida é aqui fora!

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