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Com o Slow Market, Melissa Volk criou um jeito mais solar – e no seu ritmo – de levar a vida

Por
Mariana Weber
Em
18 fevereiro, 2020
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Ela provou (com enorme sucesso) que produtos sustentáveis também podem ser bonitos, tecnológicos e ter preço acessível.

É terça-feira e Melissa Volk, 46, acaba de chegar a São Paulo vinda de Florianópolis, onde cuidava dos preparativos da quarta edição do Slow Market.Beauty, que acontece de 6 a 8 de março. “Evento é punk, tem mil detalhes”, comenta. “Essa parte não é nada slow.” Mas pelo menos teve praia. “Pensei: está um dia lindo, o sol está incrível, vou jogar meu frescobol, fazer minha caminhada. Vou me permitir aproveitar.”

Nem sempre foi assim. Por 25 anos, Melissa trabalhou em agência de publicidade. Como atendimento de novos negócios, sua jornada geralmente batia 12 horas, muitas vezes sem pausa para o almoço nem para pensar na vida: entrava às nove da manhã, saía às nove da noite (ok, de vez em quando conseguia se liberar às oito, mas nem pensar antes das sete, porque o pessoal olhava feio).

2ª Edição do Slow Market.Beauty | Fotos: Divulgação

Por muito tempo foi no embalo. Mas, quando a mãe teve câncer, aquela rotina perdeu o sentido. “Comecei a questionar o que estava fazendo e quais relações estava criando no meu tempo tão precioso.” O plano B apareceu em 2016, quando amigos que organizavam a Virada Sustentável em São Paulo a convidaram para transformar em feira a curadoria que ela já costumava fazer no dia a dia. “Sempre gostei de moda. Fazia minha pesquisa pessoal e preferia marcas com propósito.” 

Sem ter experiência com feiras, Melissa reuniu expositores de moda, gastronomia, beleza, decoração… “Quis mostrar que produto sustentável não era só feito com lacre de latinha e revista retorcida; que podia ser bonito, ter tecnologia, design, preço acessível.” Criou assim o Slow Market Brasil. E criou um novo rumo para si. “Achei o que fazer na vida.”

O passo seguinte foi segmentar. Em 2017 montou o Virada Zen Market e o Slow Market.Family. Em 2018 veio o Slow Market.Beauty. “Ele acabou se tornando o carro-chefe da empresa, até pelo momento desse setor. Depois do slow food e do slow fashion, é a vez do slow beauty”, diz. “Brinco que ele é um movimento ativista gentil através de uma beleza limpa e consciente”.

Junto com a mudança profissional, veio a mudança de estilo de vida. “A partir do momento em que pensa no que consome, você pensa também em como consome. Não sai como louca com cartão de crédito no shopping. Muda completamente sua relação com compras.” Há, no entanto, um período de transição. “É importante não ficar maluca e jogar tudo fora porque agora é só produto natural… Meus cosméticos são produtos naturais, de xampu a esmalte. Mas maquiagem, que dura mais, ainda tenho uma outra.” 

Mais do que comprar (ou não comprar) isto ou aquilo, Melissa acredita que o movimento slow tem a ver com focar no presente. “Tem um fluxo que a gente tem que respeitar na vida.” Seja o almoço com amigas, seja a cólica que dá vontade de ficar em casa, sejam as tarefas de organização de evento. “Comparo muito com velejar”, diz ela, que veleja, nada, pratica ioga, musculação, pilates, meditação. “Se você está nas águas calmas, relaxa, aproveita, deixa o tempo te levar. Mas, quando vem uma tempestade, se ficar slow, você morre. Então, na hora em que tem que enfrentar a chuva, bota a capa e trabalha. A gente precisa respeitar o tempo das coisas presentes.”

Listinha de produtos da Melissa

Por causa da feira, a organizadora do Slow.Market Beauty testa produtos à beça. A pedido do The Summer Hunter, ela sugere alguns, de uso frequente, para quem quer começar a usar cosméticos naturais.

Pasta de dente: Orgânico Natural. “Quando a gente está fazendo uma transição, não quer perder a sensação dos produtos a que está acostumado. Essa tem o mesmo sensorial de qualquer pasta dental.”

Desodorante: Kristal Alva. “Um produto sustentável também tem a ver com redução de embalagem; esse dura dois anos, dois anos e meio”. Ou Lafe’s (bastão). “Para quem não se adapta ao cristal”.

Base para rosto: Baims. “Tem excelente cobertura, durabilidade, textura.”

Rímel: Twoone Onetwo. “Uso rímel todos os dias, portanto foi fundamental substituir. Este não escorre com água e não borra.”

Protetor Solar: Bioart. “Após cinco anos de estudo, a Bioart lançou esse protetor solar físico (e não químico), testado, regularizado.” 

Esmalte: Surya Brasil. “Esmalte é um dos itens mais tóxicos de beleza. As formulações brasileiras são carregadas de componentes alergênicos.”

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