Quarenta anos depois da explosão da axé music, o artista que deu o pontapé inicial no gênero continua influenciando a cena musical brasileira, embalando os verões e carnavais de várias gerações.
Cantor, compositor e multi-instrumentista, Luiz Caldas se apresentou em público pela primeira vez aos 7 anos de idade e subiu no trio aos 16. Desde então, transitou pelo rock, forró, MPB, samba, entre outros ritmos, mas entrou pra história ao criar o estilo musical que se tornou um signo de identidade da Bahia e se espalhou pelo Brasil.
O pai do axé
Luiz Caldas misturou frevo, galope, ijexá, samba-reggae e guitarra elétrica pra criar um som novo: uma batida irresistível com sonoridade híbrida. Em 1985, com Fricote — hoje retirada pelo músico de seu setlist por sua letra racista e machista —, cravou o nascimento oficial da axé music.
“Luiz Caldas é um gênio. Poderia escrever parágrafos sobre minha admiração e espanto sobre seu desconcertante talento, sobre sua importância na história da música brasileira.”
Nando Reis, cantor e compositor, em postagem no Facebook
Arrastadores de multidão
De Ivete Sangalo a Daniela Mercury, de Bell Marques a Saulo Fernandes, passando por Carlinhos Brown, Xanddy, Margareth Menezes e BaianaSystem: todos bebem da fonte de Luiz Caldas, seja na sonoridade, seja na arte de se tornar um gigante em cima do trio elétrico.
Vai muito além do axé
Segundo relatou no podcast O Assunto, entre 2013 e 2024, Luiz Caldas lançou um disco por mês — incluindo um na língua tupi —, totalizando 1447 canções inéditas, nos mais variados estilos, do jazz ao rock, passando pelo samba.
“Foi nitroglicerina pura dentro de mim. […] Eu via Luiz Caldas e pensava: que cara mais talentoso, ele toca todos os instrumentos, canta com uma voz potente, compõe, toca horas em cima do trio […]. E ficava pensando que aquilo era incrível, mas inatingível pra mim.”
Ivete Sangalo, cantora, em entrevista a Natuza Nery em O Assunto
É ícone de estilo
Canta descalço desde muito antes de isso ser comum, com sua cabeleira indomável, brincos enormes e look eclético que vai do metal ao new age sem perder a coerência.
Vem meu amor, vem com calor!
Em 1989, Luiz Caldas grudou nos ouvidos do Brasil com a trilha sonora de uma das novelas mais populares de todos os tempos: Tieta, da Rede Globo, protagonizada por Betty Faria e Joana Fomm.
Crédito da imagem de abertura: Arquivo Pessoal
