A era da alegria forçada e a obrigação de amar o seu emprego.
Empresas estão tentando transformar felicidade em tarefa. Em vez de apenas entregar um produto ou serviço, agora o colaborador também deve performar… emoção. Não basta ter um bom desempenho. É preciso demonstrar engajamento, inspiração, motivação. Mesmo quando tudo o que você quer é fazer seu trabalho, pagar boletos e viver a sua vida.

Menor nível de engajamento em 10 anos
31% dos trabalhadores se sentem engajados, especialmente entre pessoas com menos de 35 anos de idade.
39% dos trabalhadores sentem que alguém se importa com eles na empresa.
Fonte: pesquisa Gallup de 2024

É certo que trabalhar sempre exigiu certa dose de atuação. Especialmente no setor de serviços e hospitalidade, o alto-astral — espontâneo ou não — é parte do jogo. Sorrimos pra clientes, pra ter carisma no Zoom, pra demonstrar entusiasmo em apresentações etc. Mas alguns exemplos mundo afora sugerem que estamos entrando em uma nova era da alegria forçada.
Sorria,
você está trabalhando:
· A AEON, empresa de supermercados do Japão, que monitora o sorriso dos empregados por IA.
· A joalheria Tiffany, que criou o “app da alegria”, Tiffany Joy, pra incentivar funcionários a postar momentos felizes dentro da empresa.
· Empresas que compensam a volta ao presencial com um escritório “superdivertido”: shows, atividades, comida, mesa de sinuca etc.
Na era da alegria forçada, os empregadores estão exigindo positividade e paixão porque os trabalhadores, neste momento, realmente não estão produzindo isso voluntariamente.
A verdade é: eles não gostam de seus empregos.

Fonte: “‘Forced Joy’ Is a Miserable Corporate Trend” (Bloomberg)
Particularidade humana
Em 1983, a socióloga norte-americana Arlie Russell Hochschild cunhou o termo “trabalho emocional” pra descrever “quando parecer amar o trabalho se torna parte do trabalho”, em seu livro The Managed Heart. Mas, com o avanço da presença da inteligência artificial, a necessidade da emoção humana se torna ainda mais exacerbada.

“À medida que as habilidades técnicas são assumidas por robôs, o trabalho emocional se torna ‘a’ habilidade humana necessária em ambientes cada vez mais digitalizados, impessoais e dominados pela IA.”
Rose Hackman, jornalista, em seu livro Emotional Labor: The Invisible Work Shaping Our Lives and How to Claim Our Power
O que gera engajamento real?
· Autonomia.
· Ambientes que respeitam o tempo e o ritmo das pessoas.
· Segurança psicológica.
· Remuneração justa.
· Direitos trabalhistas.
· Propósito real.