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54 horas em Ilhabela: praias secretas, cachoeiras, alta cozinha praiana e muito vento no cabelo na capital da vela

Por
Adriana Setti
Em parceria com

Com 85% de seu território protegido por um parque estadual, o melhor pico de kitesurf de São Paulo também é um playground do ecoturismo.

Pegar a balsa é como um ritual de passagem. A travessia dura menos de 20 minutos mas, ao colocar os pés em Ilhabela, já dá pra sentir que o mood é outro. A 200km quilômetros da capital, a maior ilha de São Paulo tem mansões cinematográficas, pousadas charmosas, alguns dos melhores restaurantes do litoral paulista e congestionamento de iates. Mas a sua essência sempre estará no vento constante que encana pelo canal de São Sebastião, gerando condições ideais pros esportes náuticos. Pico preferido de gente como Robert Scheidt, bicampeão olímpico de Laser, a ilha vive seu momento de glória durante a Semana de Vela, que acontece em julho. Mas, no resto do ano, continua girando em torno do kitesurf, do windsurf e de muitas outras modalidades. Com ferveção garantida no verão, concentrada na Vila, o centrinho mais instagramável do litoral paulista, a ilha também é boa pra não ver e não ser visto. Com picos de até 1300 metros de altitude forrados de floresta, tem 85% de seu território protegido por um parque estadual. Em meio à mata atlântica, há mais de 250 cachoeiras, muitas delas acessíveis por trilhas em vários níveis de dificuldade. Na sua face voltada pro mar aberto, também esconde praias quase intocadas, habitadas por pequenas comunidades de pescadores. A seguir, um guia pra descobrir a capital da vela perto da natureza, com vento no cabelo e banquetes de frutos do mar.

DIA 1

14h
Velejar em Ilhabela: vá direto pra Armação

Se você pegou a balsa na pilha de velejar, toque reto até o norte da ilha, onde a “capital da vela” mostra a que veio. Ponto de encontro da galera do velejo, a Praia da Armação é uma pequena faixa de areia dourada com mar calminho e alto astral. Finja normalidade se cruzar com campeões mundiais e, se precisar de umas aulas, siga direto pra BL3 (@bl3escoladeiatismo), escola de iatismo com ótima reputação. Organiza cursos de várias modalidades, incluindo kitesurf e windsurf, do básico ao avançado. Sua base na Armação tem um barzinho simpático, além de aluguel de equipamentos de vela, SUP, caiaque, cadeiras de praia e guarda-sol. 

16h
Vila Salga: fim de tarde em alto estilo

Palco de casamentos finos (que acontecem na fofíssima capela da praia da Armação), o Vila Salga (@vilasalga) também funciona como um beach club cheio de estilo, com mesas e sofás na areia. Tem bons petiscos (vá de ceviche), altos drinks e fogueira pra embalar o fim de tarde. 

21h
Capitano: italiano intimista em Ilhabela

Pertinho da Vila, o Capitano (@restaurantecapitanoilhabela) é um dos melhores italianos da ilha. Ideal em noites quentes, tem mesas espalhadas por um jardim repleto de plantas tropicais. Comece como uma burrata e, depois, prove uma das massas artesanais. O papardelle à provençal leva camarões, tomates frescos e alho. Na sobremesa, a estrela da casa é o semifreddo de chocolate com sorvete de creme. 

DIA 2

Ilha das Cabras, em Ilhabela: um dos melhores picos de mergulho do litoral norte | Foto: Marcos Assis/Unsplash

8h
Onde praticar mergulho em Ilhabela

Um dos melhores pontos de mergulho de São Paulo, a Ilhabela tem tradição no esporte e boas possibilidades pra quem quer se aventurar ou aprender. As empresas costumam levar os mergulhadores credenciados a vários picos nas costas norte e sul. Mas o cartão subaquático local é a Ilha das Cabras, uma ilhota pedregosa e extremamente fotogênica. O esquema geralmente inclui dois cilindros por saída. Também é possível fazer batismo (mergulho acompanhado de um instrutor em até 12 metros de profundidade) e cursos, em centros como o Oceano Sub (@oceanosub) e o Léo Dive Center (fb.com/www.leodivecenter.com.br).

11h
Cachoeira da Laje: um oásis na mata atlântica

Verde, preservado e pouco explorado, o interior da Ilhabela esconde mais de 250 cachoeiras. No extremo sul, a Da Laje é uma das mais bonitas e boas pra nadar. Mergulhe no repelente e siga pela trilha da praia do Bonete (que, aliás, é um programaço pra quem tem mais tempo). A caminhada só de ida demora entre 40 minutos e uma hora, com trechos de subida relativamente puxados. Mas a recompensa vem em forma de piscinas de água doce, com direito a hidromassagem natural. 

O concorrido deck do Nova Iorqui de frente pro mar de em Ilhabela | Foto: reprodução

14h
Nova Iorqui: cozinha caiçara e vista pro mar aberto

No ponto exato onde o asfalto termina no sul da ilha, o Nova Iorqui (@novaiorqui) é uma mão na roda pra quem está voltando faminto da Cachoeira da Laje, além de ser um grande achado. O trunfo do lugar é o seu terraço de frente pro mar aberto — coisa rara na ilha, já que quase toda a “civilização” está voltada ao canal de São Sebastião. Num ambiente totalmente relax, serve cozinha caiçara da boa, em porções generosas. A caldeirada leva polvo, lula, cação, badejo, camarão e mariscos, servida com arroz e pirão. 

15h
As melhores praias da Ilhabela: explorando o sul

No caminho de volta ao centro, aproveite pra conhecer as praias do sul. Alguns dos cenários mais bonitos da Ilhabela aparecerão em sequência: Curral, Julião e, por fim, a Feiticeira, cercada de mansões cinematográficas. Evite fazer esse programa nos feriados, quando costumam lotar. 

17h
Balena Club: rústico só que não

Na praia da Siriúba, linda no fim da tarde, o Balena Club (@balenaclub) é puro charme pseudo rústico, com mesas pé na areia, cercadas de coqueiros. A décor tem um barquinho tipicamente caiçara, luminárias de palha e sofás coloridos. Belisque uma vieira gratinada e comece os trabalhos com uma das “caiçarinhas”, de cachaça mineira com frutas do dia.

Entrada do Pescadora, o novo restaurante de Renata Vanzetto em Ilhabela | Foto: reprodução

21h
As origens da chef Renata Vanzetto em Ilhabela

Criada na Ilhabela, Renata Vanzetto abriu seu primeiro restaurante, o Marakuthai, na antiga garagem de barcos da família perto da Vila. Depois de vender a marca a um grupo de investidores, a chef manteve o ponto original, onde funciona o novo Pescadora – Cozinha do Mar (@pescadoracozinhadomar). Resgatando sua essência caiçara, ela desenhou o cardápio com foco em ingredientes do mar, dando preferência a fornecedores locais. Comece com um khiri khiri (bolinhos de camarão em crosta de castanha de caju) e, depois, prove o peixe  com molho caiçara de tomate e leite de coco, banana e taioba. Também tem receitas veganas e pratos bem tradicionais, como moqueca e casquinha de siri. Se a ideia for só um drinque, escolha uma das receitas de gim-tônica.

DIA 3

A ainda pouca explorada Praia de Castelhanos, em Ilhabela: carro 4×4 pra chegar | Foto: Renato Trentin/Unsplash

10h
Café da manhã especial em Ilhabela 

Com mesas espalhadas por um jardim de árvores imensas, o DonnaBella Empório e Comidaria (@donnabellacomidaria) é uma delícia pra uma pausa a qualquer hora, ou pra começar o dia. Tem pães de fermentação natural, salgados, tortas e outros quitutes. 

11h
Praia de Castelhanos: um segredo de Ilhabela

Numa baía em forma de coração voltada pro mar aberto, a Praia de Castelhanos é um dos tesouros de Ilhabela, praticamente intocada, graças a um caminho de mais de 20km que a separa da urbanização, passando por dentro do parque estadual. Dependendo das condições da estrada de terra (que costuma variar conforme as chuvas e a ação esporádica dos tratores), até dá pra chegar com um carro convencional. Porém, é mais seguro ir de 4X4 ou pegar um passeio. Com a Castelhanos Turismo (@castelhanoturismo), o itinerário ainda tem parada na linda Cachoeira do Gato. Pra clicar o melhor ângulo da praia, a boa é subir até o Mirante do Coração, no lado direito da praia. Leve litros de repelente pra enfrentar os borrachudos. 

Ilhabela vista do alto: 85% de seu território está protegido por um parque estadual | Foto: Ana Carolina/unsplash

15h
Ilha Sul: alta cozinha do mar

O Ilha Sul (@ilhasulrestaurante) fica no meio da mata, na praia da Feiticeira. Aberto desde 1989, fez fama como um dos melhores lugares da Ilhabela pra uma orgia de frutos do mar. Arejado, tem mesas em um terraço cercado de verde e sempre garante ostras frescas e camarões graúdos, que costumam valer o investimento. Entre as especialidades da casa estão o polvo à provençal (em lascas, puxado no azeite com alho e salsicha, servido com batatas coradas) e os filés de peixe grelhados, servidos com legumes, purê de batata ou batata corada. Se a ideia for algo mais em conta, toque pra Vila é peça um dos pratos do dia no Manjericão (@manjericão.ilhabela), famoso pelas receitas de peixe e camarão, mas sempre com boas opções vegetarianas.

17h
Bosque Bem Estar: terapias pra esquecer do mundo

Instalado em um casarão cercado de orquídeas pertinho da Vila, o Bosque Bem Estar (@bosquebemestar) é um refúgio pra esquecer do mundo, pelas mãos de terapeutas habilidosas. O menu tem de shiatsu a massoterapia, passando por massagens relaxantes e terapia com pedras quentes. Também tem tratamentos ayurvédicos e um menu completo de estética.

20h
Vila de Ilhabela: o centrinho mais charmoso do litoral paulista

Com sua arquitetura colonial e ares de cidade do interior, a Vila é o centrinho mais charmoso do litoral paulista. Perfeito pra um rolê sem pressa no fim da tarde, esconde dezenas de lojinhas, cafés e outras surpresas por trás de suas fachadas bem conservadas, que se enfileiram em ruas de paralelepípedos. Uma instituição local, o Ponto das Letras (@pontodasletrasilhabela) é um mix de livraria e café, ideal pra provar uma torta ou um docinho enquanto folheia os últimos lançamentos. Entre as lojinhas, vale conferir as peças de artesanato e decoração da Teiú (@teiuarte) e os biquínis da Summer House (@summerhouseilha), marca que nasceu na Ilhabela. Feche a viagem com um sorvete artesanal ou uma pizzete da Gelateria Tradizionale (@gelateriatradizionale).

Foto de abertura: Marcos Yamin/Semana de Vela de Ilhabela/divulgação

A vida é aqui fora!

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