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Marcela Scheid: investigações ansiosas sobre o segundo sexo

Por
Rafaela Mercaldo
Em
10 dezembro, 2019
Em parceria com

Expressão da nova safra de artistas que bombam no Instagram, Marcela revela sobre si e seu trabalho: “uma feminista ansiosa”

Um grande amigo me presenteou com um quadro de Marcela e coloquei na sala do então novo apartamento, ainda vazio. A obra, me encarava e escancarava a mesma aflição e rebeldia que pulsava dentro de mim logo após um término, digamos, difícil. Meses depois, quando perguntei para esta entrevista “quem é Marcela Scheid”, a jovem ruiva disparou: sou uma feminista ansiosa. Identificação incontestável. Afinal, não seríamos todas nós, mulheres contemporâneas, feministas? Não estaríamos todas nós ansiosas, ou pelo menos tentando lidar com isso? Expressão da nova safra de artistas que também bombam no Instagram, Marcela (@marcelascheid) conta Aos Inquietos um pouco mais de si:

Quem é Marcela Scheid?

Uma feminista ansiosa. 

Quando se deu conta que tinha veia criativa? 

Sou a mais velha de uma família pequena, com isso sempre fui uma criança meio sozinha, que aprendeu a brincar sozinha e a criar amigos imaginários. Comecei a fazer desenhos, escrever textos, escrever músicas… Acho que nunca de fato me dei conta que tinha essa veia criativa, ela simplesmente estava ali e eu fui seguindo o fluxo.

Quais foram seus primeiros contatos com os desenhos e a ilustração?

Na verdade meu trabalho não se resume apenas em ilustração. Quando estava no final da faculdade comecei com um projeto de colagem chamado “No Head” onde as personagens (sempre mulheres) não tinham cabeças, trazendo esse sarcasmo de que a mulher é apenas um corpo. Depois, introduzi colagens maiores e não apenas com fotos, mas também com papéis coloridos. Esse foi meu primeiro contato abordando a ansiedade como tema. Sempre quis desenhar, quer dizer, ‘saber desenhar’, ter traços certos. Em 2017, comprei um sketchbook e decidi apenas desenhar, sem julgar a técnica. Depois de quase dois anos entendendo meu traço, e principalmente entendendo meu tema e o que eu gostaria de passar para o mundo, comecei a postar os desenhos e fui solidificando cada vez mais. 

Quais são seus mais importantes projetos profissionais? 

Sempre me entrego ao máximo a todos os trabalhos e projetos com os quais me envolvo.. Mas especialmente esse ano, pude colher alguns momentos especiais, fruto do meu trabalho artístico: duas exposições individuais – uma na Cartel 011 e outra, no Galpão Secreto – e uma terceira exposição coletiva, também na Cartel. 

Você costuma ter um tema principal ou recorrente? 

Meus temas principais são ansiedade e a vida da mulher contemporânea.

Quem são suas referências?

Meu mais novo projeto nos meus stories é exatamente sobre isso: as mulheres que me inspiram. O projeto se chama The Second Sex?, satirizando o fato de que conhecemos poucas mulheres artistas simplesmente porque a história da arte só nos mostrou os homens artistas. Mas existem milhares de mulheres brilhantes e brilhantes por serem mulheres. 

E quem citaria?

Posso citar duas aqui: Louise Bourgeois e Melissa Broder. As duas têm algo em comum: o sentir e a coragem de expor isso em forma de arte.

Conta sobre o trabalho escolhido pra circular na plataforma da LIVO? 

Escolhi um dos meus desenhos favoritos, que fala sobre o nosso desconhecido e de que às vezes precisamos de ajuda pra lidar com tudo que existe dentro da gente. E tudo bem precisar de ajuda, isso não faz da gente menos forte, faz da gente apenas um ser humano. 


Aos Inquietos

A LIVO acredita no poder das conexões. Que boas ideias são transformadoras. E que o mundo é colaborativo. Por isso, criou o canal "Aos Inquietos", junto com o The Summer Hunter, para contar quem são os criativos que estão circulando arte sob um novo ponto de vista. Onde? Nas flanelas que acompanham todos os óculos da LIVO é possível ver os trabalhos de gente criativa e inquieta. Gente de talento e visão. Vem ver. Leia todos os posts aqui.
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